25 de abril de 2011

O Meu Dicionário da Língua Portuguesa - Atualização

Aqui estão mais algumas entradas para O Meu Dicionário da Língua Portuguesa. Para ver a versão completa do dicionário, clique aqui.

Açougueiro - sm. (ár Ar-sûq + eiro) 1 Pessoa ou indústria que produz aço. 2 Produtor de aço.

     Ex. 1: Após a fusão, a empresa Mittal Steel será a maior açougueira do mundo, produzindo em torno de 70 milhões de toneladas de aço por ano.
     Ex. 2: Minas Gerais é o estado mais açougueiro do Brasil.

Aprazível - adj. (a + lat Pracere + vel) 1 Diz-se de produtos que pode ser pago a prazo. 2 Característica de produtos cujo pagamento pode ser dividido.
     Ex. 1: O vendedor disse que o preço à vista era também aprazível.
     Ex. 2: O preço da geladeira era aprazível, mas o valor final seria muito maior do que o preço à vista.

Catalão - sm. (cat Catalán) 1 Pessoa perita em coleta de objetos. 2 Catador eficiente.
     Ex. 1: Apenas no ano passado, Antônio conseguiu coletar mais de cem mil latinhas de cerveja e refrigerante. Por isso, ele foi considerado o maior catalão da cidade.
     Ex. 2: Desde criança admirava os catadores de latinha. Seus pais sabiam em seu coração que algum dia ele seria um grande catalão.

Cronograma - sm. (gr Khrónos + gr Grámma) 1 Instrumento que mede o crescimento da grama. 2 Aparelho capaz de aferir o crescimento de várias espécies de gramíneas.

     Ex. 1: De acordo com as medições do cronograma, a grama havia crescido exatos 3 milímetros de um dia para o outro.
     Ex. 2: O seu cronograma parecia não estar funcionando bem, pois a grama visivelmente havia crescido muito mais do que o aparelho indicava.

Demente - adj. (lat Demente) 1 Relativo à mente. 2 Referente à mente ou ao estado mental de um indivíduo.

     Ex. 1: Como os médicos não conseguiram encontrar nada de errado fisicamente, concluíram que deveria se tratar de um problema demente.
     Ex. 2: Psicólogos são profissionais que procuram ajudar pessoas com distúrbios demente.

Espiral - adj. (gr Speíra + al) 1 Relativo à expiração. Relacionado ao ato de liberar ar dos pulmões.
     Ex. 1: Carmen disse que doía apenas quando expirava. Era claramente um problema espiral, portanto.
     Ex. 2: Os médicos haviam eliminado a possibilidade de se tratar de um problema relativo à inspiração, mas ainda precisavam fazer testes para descobrir se não era algum problema espiral.

Saciar - vint. (lat Satiare) 1 Amputar uma perna. 2 Fazer perder um dos membros inferiores. 3 Tornar semelhante ao Saci Pererê.
     Ex. 1: Ele foi saciado em um acidente de carro.
     Ex. 2: Após ser saciado em um acidente de moto, ele entrou em depressão profunda, já que foi obrigado a abandonar a sua promissora carreira de jogador de futebol.

Sirigaita - sf. 1 Espécie de crustáceo que pode também ser utilizado como instrumento musical de sopro. 2 Espécie de siri usada também como gaita.
     Ex. 1: Janaína era a melhor tocadora de sirigaita da banda.
     Ex. 2: O sabor da sirigaita não é tão bom quanto o seu suave som.


4 de abril de 2011

O Oráculo Responde

Herdeiro Atormentado diz:

     Querido Oráculo,

     Tenho 17 anos, sou filho único e, como muitos dos meus amigos, tenho sérios problemas com os meus pais. Eles não me deixam ir para festas e ficam o tempo todo tentando me dar lições de moral, e coisas desse tipo. A minha situação em casa está ficando insuportável. Pensei até em fugir, mas percebi que ia ser difícil me virar sem dinheiro, casa e Facebook.

     Os meus pais têm bons empregos e estão em ótima situação financeira. Por isso, a minha pergunta é: devo matar os meus pais para ficar com a herança e com o dinheiro do seguro?

     Valeu, Oráculo!


O Oráculo responde:

     Querido Herdeiro Atormentado, o que você está sentido é absolutamente normal e é um fenômeno conhecido pela psicologia já há muito tempo. Sigmund Freud já tratou disso, usando a famosa história de Édipo como ilustração. Vários psicólogos acreditam até mesmo que esse conflito entre pais e filhos é um passo necessário para o desenvolvimento do adolescente e dizem que os filhos nessa idade têm uma necessidade de matar os pais simbolicamente. No seu caso, no entanto, parece que essa necessidade não é tão simbólica assim.

     Para pessoas na sua situação, a primeira coisa que devemos dizer é: não diga o que está sentindo para mais ninguém. E existem três motivos para isso:

     1) Ninguém consegue esquecer algo que é sempre assunto de conversa. Quando escondemos ou reprimimos os nossos sentimentos, eles costumam desaparecer naturalmente, de forma tranqüila e saudável, para nunca mais voltar. Se você ignorar o que está sentindo, calar aquela voz interior que manda você desabafar com alguém, você provavelmente vai se sentir melhor.

     2) Imagina só, você ficar falando para todo mundo que vai matar os pais e, depois, mudar de idéia. Maior bola fora, não é mesmo? Que carão! Seus amigos vão pensar que você é um papudo, um covarde sem palavra. E não tem nada mais importante nesse mundo do que o que os seus amigos pensam de você.

     3) Finalmente, o motivo mais importante de todos. Lembre-se de algo fundamental: nenhum crime é crime até que alguém fique sabendo. Existe a idéia de que, se matarmos uma pessoa, iremos para a cadeia. Isso não é nem um pouco verdade. Se matarmos uma pessoa, só iremos para a cadeia se alguém descobrir. É essencial que a sua matança seja algo sigiloso. Assim, quanto menos pessoas souberem dos seus planos, melhor.

     Você mencionou o fato de ser filho único. Isso é ótimo, tanto do ponto de vista psicológico, quando criminal. Psicologicamente falando, um filho único é, de forma geral, menos propenso a compartilhar os seus bens, e, por isso, todos os pais deveriam ter apenas um filho, já que vivemos em uma sociedade capitalista e, assim, contrária ao espírito de compartilhamento pela sua própria natureza. Do ponto de vista criminal (que é o que realmente nos interessa aqui), isso é bom porque você não tem que se preocupar com um possível testemunho de um irmão ou em convencê-lo a ser cúmplice ou, em último caso, matá-lo também (o que também resolveria o problema de dividir o dinheiro).

     Não confie em cúmplices. Assim como em todas as situações da vida, você não pode confiar em ninguém e nunca deve pedir ajuda, já que isso demonstra dependência e imaturidade, e você não é mais um bebezinho da mamãe, certo? Lembre-se: um cúmplice é um delator (ou um chantagista) em potencial. Se for absolutamente necessário envolver outra pessoa nos seus planos de duplo homicídio, certifique-se que essa pessoa também seja eliminada, seja ela quem for. Se o seu ajudante for o seu melhor amigo ou a sua namorada, não importa, manda junto para o saco! Se ele realmente for seu amigo, ele vai entender, e você sempre pode arranjar uma namorada nova. O importante mesmo é não ser pego e ter que virar mulherzinha na cadeia, não é mesmo?

     Planeje a sua chacina cuidadosamente. Pode até parecer bobagem ter que mencionar isso, mas muitas pessoas acabam se esquecendo e são pegas. Não seja preso por ser displicente ou preguiçoso. Não subestime a polícia, não deixe rastros e tenha um álibi sólido e convincente. Por outro lado, não enrole muito. Você já tem 17 anos e deve aproveitar enquanto ainda é menor de idade, no improvável caso de algo sair errado.

     Para finalizar, um último conselho: aproveite o dinheiro que vai receber! Não adianta nada ter a maior grana se não for para torrar, não é mesmo? Aposto que os seus pais estão sempre economizando, guardando, poupando, planejando para o futuro. E para quê? Olha só o que vai acontecer com eles. Vão morrer sem aproveitar o que juntaram. Você está fazendo isso tudo em nome do dinheiro e da liberdade, então faça bom uso do que vai conseguir. Você quer ir a festas sem ter dois caretas buzinando na sua orelha? Então faça isso! Aproveite a vida e o dinheiro suado dos seus pais, porque ela é curta e só se vive uma vez!

     Boa carnificina!

O Oráculo falou.