30 de janeiro de 2011

Cidades e Seus Nomes

     Quando eu era criança, ainda na escola primária, eu aprendi que o nome da minha cidade significa “pedra pontiaguda” em Tupi, devido a uma pequena montanha nas redondezas. Essa informação, apesar de admitir que seja um tanto inútil, é de conhecimento de praticamente qualquer pessoa da minha faixa etária que viveu na cidade. Não sei dizer se isso foi algo que era ensinado só por aqui e também não sei se isso ainda é ensinado hoje em dia nas escolas, mas o fato é que esse era um dos conhecimentos mais básicos para os alunos da minha época.

     Saber a origem e o significado do nome da nossa cidade era algo muito valorizado pelos meus professores. No entanto, sou obrigado a admitir que a razão disso está além do meu conhecimento. Talvez quisessem estimular um sentimento de grupo ou união, talvez encorajar o nosso interesse por História ou etimologia, ou talvez até mesmo por razões um tanto mais ufanistas. Seja qual for o motivo, o fato é que, pelo menos para mim, isso foi algo que me fez (e ainda faz) refletir sobre o nome das cidades. Assim, acabou se tornando uma espécie de hobby para mim procurar a origem dos nomes das cidades.

     Relacionei abaixo dois exemplos de cidades cujos nomes são em si peculiares e que têm origens interessantes.


     Havia, no norte de Minas Gerais, um pequeno vilarejo chamado Milagres de Jesus (ou, freqüentemente, apenas “Milagres”), que era parte da cidade de Carlópolis. Em meados dos anos 1820, o americano Washington Alexander Cooper (pronunciado “cúper”) se mudou para o vilarejo, atraído pelas muitas minas de ouro recém descobertas no local. Logo que se instalou em Milagres, Washington Cooper se deparou com as terríveis condições em que viviam os seus companheiros trabalhadores das minas. O seu espírito revolucionário, aliado à sua avidez por justiça, logo fez com que se tornasse um importante defensor dos mineiros, buscando condições mais dignas para a sua classe. Vendo também grande potencial em Milagres, Washington defendia que o vilarejo devia se emancipar de Carlópolis, o que se tornava um anseio crescente entre a população do vilarejo.

     Toda essa mobilização política e social de Washington Cooper fez com que ele fosse odiado pelos poderosos de Milagres e Carlópolis. Durante vários anos, ele sofreu atentados, passou por terríveis privações e foi repetidas vezes vítima de agressão e tortura. Todo esse sofrimento de Washington fez com que ele recebesse a alcunha de “coitadinho” (ou apenas “tadinho”, segundo o linguajar local).

     Infelizmente, apesar dos seus incansáveis esforços, Washington Cooper nunca viveu o suficiente para ver o seu vilarejo se tornar independente. Isso aconteceu apenas em 1863, cinco anos após a sua morte.  Porém, os novos fundadores decidiram que seria uma boa idéia batizar a nova cidade homenageando Washington Cooper e também reconhecendo todo o seu esforço e o sofrimento por que passou lutando pelo vilarejo. E essa é a origem do nome da cidade mineira de Coopertadinho.


     Em 1912 nascia Teobaldo Henrique do Rego, na cidade litorânea de Cambotirica da Serra, no Rio de Janeiro. Sua família e amigos o chamavam simplesmente de “Teo” (pronunciado “têu") e, desde muito novo, ele se interessava por navios, principalmente os de guerra. Portanto, não foi surpresa para ninguém quando o jovem Teo se alistou na marinha assim que completou 18 anos.

     Profundamente apaixonado pelo mar e pela vida militar, Teo subiu de patentes rapidamente. A sua consagração, no entanto, veio com a 2ª Guerra Mundial, quando foi considerado herói de guerra após os seus extraordinários feitos nas Batalhas de Irineus, Porlipéia e Maraqueus, e foi agraciado com diversas homenagens e condecorações. Até os dias atuais, as manobras e táticas do Capitão Teo são estudadas e ensinadas na Academia Naval Brasileira (ANB).

     Depois de uma longa e brilhante carreira militar, Teo se aposentou com o título de Comodoro (também conhecido como “Capitão-de-Mar-e-Guerra”) e retornou para a sua cidade natal. Mas a fama o perseguiu até Cambotirica da Serra. Os seus feitos eram admirados tanto pelos militares quanto pelos civis. O seu prestígio era tamanho que a pequena cidade foi, por três vezes, visitada pelo presidente da república. A influência do Comodoro foi incrivelmente benéfica para a sua cidade, que, fortificada principalmente pelo turismo gerado pela sua presença, prosperou muito desde o seu retorno.

     Em 1990, trazendo grande comoção em todo o país, o famoso militar de Cambotirica da Serra faleceu, aos 78 anos de idade. Após um plebiscito, os governantes da cidade mudaram o seu nome a fim de homenagear o seu herói nacional. E foi assim que a cidade de Cambotirica da Serra passou a ter o nome atual: Comodoro Teo Rego.

23 de janeiro de 2011

O Oráculo Responde

Entrevistado Preocupado diz: 
 
     Querido Oráculo,
 
     Durante 13 anos, eu fui um competente executivo de uma determinada empresa, mundialmente famosa no ramo de escutas telefônicas residenciais. Infelizmente, no entanto, fui despedido há cerca de 3 meses.
 
     Cerca de duas semanas atrás, depois de mandar vários currículos para várias empresas, fui contatado por uma delas. A firma tem demonstrado profundo interesse em mim e, assim, marcamos uma entrevista daqui a uma semana.
 
     Isso, é claro, é ótimo. Mas é também algo que está me preocupando. Eis o motivo:
 
     Fui despedido da minha antiga empresa porque, em uma determinada ocasião, aconteceu de o meu chefe descobrir que eu tinha um caso há vários anos com a sua esposa, o que me proporcionou maior acesso ao caixa da empresa, o que me levou a roubar regularmente da companhia embora tivesse um ótimo salário, o que, por sua vez, fez com que eu assassinasse friamente um funcionário que havia descoberto o meu esquema, o que, conseqüentemente, me levou a armar a cena para que tudo parecesse ter sido realizado pelo meu próprio chefe, que, ingenuamente, acredita ser pai do filho e da filha que na verdade são meus.
 
     Receio que o meu entrevistador possa perguntar a razão de eu ter sido demitido do meu emprego anterior, já que isso é algo um tanto comum em entrevistas de emprego. O meu primeiro impulso é mentir, mas, por outro lado, sei também que as companhias modernas apreciam a honestidade.
 
     A minha pergunta, portanto, é simples: Oráculo, devo mentir na entrevista de emprego?
 
     Aguardo as suas considerações.
 
     Obrigado. 
 
 
O Oráculo responde: 
 
     Prezado Entrevistado Preocupado, a dúvida que o aflige é tão antiga quanto a própria humanidade. Distinguir entre o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira... Isso é algo que atormenta o ser humano desde tempos imemoráveis e que há séculos tem sido assunto de reflexões de filósofos e pensadores do mundo todo. O seu caso é particularmente interessante. A sua dúvida consiste, basicamente, na seguinte questão: é melhor usar o bem (a verdade) para fazer o mal (não conseguir o emprego), ou, ao contrário, é melhor usar o mal (a mentira) para fazer o bem (conseguir o emprego)? Portanto, o seu problema não é de caráter prático, mas, essencialmente, de ordem moral. Isso pode parecer ainda pior, mas acreditamos que, pelo contrário, isso é exatamente o que pode começar a lançar alguma luz sobre o seu problema.
 
     Analisamos cuidadosa e minuciosamente o seu pedido de ajuda a fim de extrair algumas deduções sobre a sua personalidade e, principalmente, o seu caráter e os seus valores morais. Obviamente, é muito difícil conhecer alguém tão profundamente através de algumas poucas linhas de texto, mas acreditamos que fomos capazes de descobrir o suficiente para lhe dar alguma orientação.
 
     Todo o seu problema advém, como você mesmo disse, do fato de você não saber se deve mentir ou não. Mais do que isso, se você deve mentir para um total desconhecido (consideramos que você não conhece o seu entrevistador). O simples fato de você estar atormentado por essa dúvida, somado ao fato de você ter tamanha consideração por um estranho, é, para nós, prova clara e irrefutável de que você é um indivíduo dotado de enorme senso de moralidade e ética, além de ser dono de um coração puro, sempre pronto a respeitar o próximo. A maioria das pessoas, infelizmente, nem se dariam ao trabalho de pensar no assunto. Elas mentiriam sem pensar duas vezes (principalmente para um desconhecido) e sem considerar que, como é de conhecimento geral, um bom mentiroso nada mais é que um psicopata em potencial. Você, por outro lado, está aflito com a possibilidade de mentir, o que demonstra a sua retidão de caráter e espírito.
 
     Essa sua postura, além de rara nos dias de hoje, é, de fato, algo admirável. E toda empresa quer alguém admirável ao seu lado. A nossa opinião, portanto, é que você merece o emprego. No entanto, a verdade provavelmente acabará com as suas chances. Existe um ditado popular que diz que “a mentira tem pernas curtas”. Isso é freqüentemente verdade, mas, por outro lado, existem situações em que a verdade nem tem pernas. E o seu caso parece ser exatamente esse. Assim, sob o nosso ponto de vista, a melhor solução é: oculte o motivo da sua demissão. Ou melhor, invente o motivo! Criatividade é uma qualidade imensamente valorizada pelas empresas atualmente. Porém, apesar de tudo, você ainda pode estar se sentindo um pouco incerto, afinal, mentir, como aprendemos desde criança, é errado. Mas lembre-se de que você estará fazendo isso apenas para que uma pessoa honesta e altruísta seja beneficiada. Como disse Jesus no seu Sermão da Montanha: “Bem aventurados os puros de coração, porque verão Deus!” Portanto coragem, Entrevistado Preocupado! Veja Deus e consiga o seu emprego!
 
O Oráculo falou.

17 de janeiro de 2011

Alucinação de Humor Entrevista: Saci Pererê

     Nascido em alguma parte da região sul do Brasil, praticamente não existe alguém que nunca tenha ouvido falar do nosso querido Saci Pererê. De acordo com a Wikipedia, “o Saci é um negro jovem de uma só perna, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe confere poderes mágicos”. Porém, depois de conversar um pouco com essa simpática figura, o Alucinação de Humor descobriu que existe mais a ser dito.

     Confira a seguir um trecho da entrevista exclusiva que o famoso personagem folclórico deu ao Alucinação de Humor.


AH: Muitas pessoas acreditam que a sua carapuça lhe dá poderes mágicos. Isso tem algum fundamento? E, se for o caso, como as pessoas reagem à sua magia diante da tendência cientificista da atualidade?
SACI
: Quero deixar bem claro aqui que a minha carapuça não me dá poderes nenhum! É só um chapéu que eu gosto de usar e que combina com os meus shorts. E também para não ter que ficar penteando o cabelo o tempo todo.

AH: Provavelmente as pessoas pensam isso porque você nunca tira a sua carapuça.
SACI: Bom, o Milton Nascimento também nunca tira aquele bonezinho. Isso não significa que, se alguém tirar, ele não vai mais cantar.

AH: Você nunca foi visto usando uma camiseta ou qualquer outra peça de roupa na parte superior. Isso tem algum motivo?
SACI
: A família Pererê é muito numerosa e, como sempre fomos também bastante pobres, nunca tivemos dinheiro para comprar uma camiseta. Os shorts que eu uso, por exemplo, passaram para mim do meu irmão mais velho. Na verdade, eles não me servem bem e, como não temos dinheiro para comprar outros shorts ou um cinto, eu tenho que usar um suspensório. Acho que sou a única pessoa no mundo que usa shorts com suspensório [risos].

AH: Desde a sua participação no Sítio do Pica-Pau Amarelo, muitas crianças têm acompanhado a sua carreira e têm você como modelo de comportamento. Qual a sua relação com o público infantil?
SACI
: Para ser sincero, quando comecei no Sítio [do Pica-Pau Amarelo], eu não pensava em agradar o público infantil. Nunca pensei nisso. Nunca nem mesmo gostei de crianças. Cheiguei até mesmo a matar uma  certa vez. Mas tudo foi acontecendo naturalmente. Acho que as crianças gostavam das minhas malandragens, não sei.

AH: O que você tem a dizer sobre as pessoas que acham que o fato de você estar sempre fumando um cachimbo é um mau exemplo para as crianças?
SACI: As pessoas acham que eu estou sempre fazendo algum tipo de apologia ao tabaco, o que é ridículo. Tenho muito cuidado com a minha imagem, especialmente porque sei que muitas crianças se espelham em mim. Sei de um caso, por exemplo, de uma criança que decepou a própria perna porque ela queria ser igual ao Saci [risos]. O pobrezinho morreu de hemorragia [mais risos]. Então seria irresponsável da minha parte ficar o tempo todo fazendo propaganda do tabaco. Que fique bem claro, de uma vez por todas: o meu cachimbo é de crack! Na verdade, se alguma coisa me dá poderes mágicos, é o meu cachimbo [risos].


Pingue-pongue

AH: Algo importante para você.
SACI: Acordar com o pé direito.

AH: Um filme.
SACI: Assim Caminha a Humanidade.

AH: Algo que você não gosta.
SACI: Comprar calças e calçados.

AH: Algo que você gostaria de aprender.
SACI: Andar de bicicleta e sapatear
.
AH: Cachorro ou gato?
SACI: Centopéia.

AH: Um medo.
SACI: Ficar em uma cadeira de rodas. E peneiras, especialmente se tiver uma cruz no meio.

AH: Uma cor.
SACI: Vermelho.

AH: Uma palavra que o define.
SACI: “Saci”.

2 de janeiro de 2011

Minhas Férias - New New York

     O meu mochilão pelas cidades de desenho animado ainda não tinha acabado. Depois que saí de South Park, sendo eu um fã do desenho Futurama, fui para a cidade de Nova Nova Iorque.

     O maior problema, na verdade, é chegar até lá, uma vez que a cidade só vai existir em 1000 anos. Mas também não é nada impossível. Você só tem que saber para quem pedir carona. =D

     A cidade é bem legal. Bom, se for para analisar bem, ela não é tão diferente de uma cidade grande dos tempos atuais, mas o seu toque futurista certamente dá a ela um aspecto único. O transporte por tubos também é bem legal e rápido, mas às vezes alguém mais gordinho entala no tudo e engarrafamentos enormes acontecem. Tirei várias fotos, inclusive uma em uma daquelas cabines de suicídio que se parecem um pouco com cabines telefônicas. =D

     Aqui está o cartão postal que enviei para a Prefeitura da minha cidade.

(Clique na imagem para ampliar)